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O Bairro em Movimento: São Miguel Paulista

São Miguel Paulista, no extremo leste da cidade de São Paulo, se sobressai na cena cultural entre os jovens. Neste bairro tradicional e de história centenária, shows, saraus, música, dança, teatro, poesia e arte urbana fazem parte do dia-a-dia dos moradores que organizam-se em movimentos e coletivos com o objetivo de promover eventos que valorizam a identidade de São Miguel, e que atraem pessoas de toda a capital. Descubra mais sobre o bairro aqui!

Por: Luciana Caroline Nunes


Resultado de imagem para filhos de ururai

O projeto Filhos de Ururaí é uma intervenção poética realizada em espaços públicos, trem, metrô, bibliotecas e demais locais culturais. Idealizado e criado pelos poetas Andrio Candido, do Coletivo Cultural Marginaliaria e Rafael Carnevalli, poeta e organizador do coletivo Movimento Aliança da Praça, ainda conta com o poeta, musico e mc Lucas Afonso, tendo assim uma diversidade de escrita estética e atuação, alcançando diferentes públicos e níveis de reflexão sobre o trabalho de ambos artistas, todos moradores do bairro de São Miguel Paulista, onde residem e atuam artisticamente.

Identidade negra na literatura é tema de festival do livro na zona leste de SP

Evento, que se inicia nesta quarta-feira (8), ocupará bibliotecas, praças, espaços culturais e escolas, com atividades em mais de 50 locais do bairro de São Miguel Paulista
por Redação RBA* publicado 08/11/2017 12h46, última modificação 08/11/2017 12h54
DIVULGAÇÃO
festival do livro
Festival tem como objetivo discutir o racismo e a equidade racial na produção literária
São Paulo – Para expor e discutir o racismo e a luta pela equidade racial na produção literária, o Festival do Livro e da Literatura de São Miguel, que este ano realiza sua oitava edição, tem como tema "Letras Pretas: poéticas de corpo e liberdade". O evento, que se inicia nesta quarta-feira (8) ocupará bibliotecas, praças, espaços culturais e escolas, com atividades para mais de 50 pontos da zona leste de São Paulo até sexta-feira (10).
Inácio Pereira, coordenador da projetos da Fundação Tide Setubal, realizadora do festival, explica que a literatura é trabalhada como um instrumento de mediação para abordar temas importantes. "Em 2015, após constatarmos um aumento da intolerância e da ausência de escuta no país, decidimos trabalhar a importância das diferentes vozes na sociedade. Para incentivar o diálogo, optamos por tornar mais audíveis algumas dessas vozes, fundamentais para a equidade na sociedade, então escolhemos como tema para 2016 o feminino e o feminismo, trabalhando a igualdade de gênero, e este ano terminamos essa trilogia debatendo a questão racial e a literatura negra.”
Neide Almeida, coordenadora do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil, afirma que o festival dá mais visibilidade para a produção cultural da população negra e periférica.  "A gente tem uma distância imensa entre as pessoas que tiveram acesso aos livros, bibliotecas e livrarias desde sempre, e aquelas que precisam construir esses caminhos. O acesso deve ser entendido além da condição de chegar", explica. "A gente está num campo de tensões, de forçar o rompimento das fronteiras para que as produções (de artistas negros) passem a ser reconhecidas como legítimas", acrescenta.
"A arte periférica está transbordando, não tem como não enxergar. Então, se transborda, é porque existe uma represa", acrescenta Renato Gama, músico, compositor e criador da banda Nhocuné Soul.
Além de valorizar a produção literária negra, a ideia é convidar o público a refletir sobre a representatividade do negro na literatura nacional, visto que, apesar de 53% da população brasileira se autodeclarar negra, de acordo com dados do IBGE, 94% dos autores brasileiros publicados pelas três maiores editoras do país são brancos, assim como 92% dos personagens, como aponta estudo da pesquisadora Regina Dalcastagnè que resultou no livro "Literatura Contemporânea - Um Território Contestado" (2012).
"Eu tinha uma representatividade negativa de mulheres negras na literatura. Quando eu tive contato com Carolina e a realidade que ela descreve, eu olhei para o que escrevia e pensei: é esse diálogo que eu quero travar também", conta Débora Garcia, poetisa e criadora do Sarau das Pretas.

Outra perspectiva

Para elaborar a programação, que também envolve artistas e grupos culturais que trabalham com a perspectiva da população periférica, foi formado um grupo de curadoria com artistas, educadores e ativistas. O objetivo foi fazer com que o festival não só traga atrações de outros espaços, mas que a produção da comunidade e de fora ocupe a região de diversas formas. “A ideia não é só ocupar a praça, mas também ocupar o simbólico”, explica Inácio Pereira.
Como exemplo desse tipo de experimentação, o coordenador cita a releitura feita por um grupo de alunos da personagem Tia Nastácia, de Monteiro Lobato, presente nas histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo. “A Tia Nastácia, dentro da lógica do Monteiro Lobato, você não conhece a história da família dela, não sabe se foi casada, se teve netos. Ela uma figura acessória para contar a história de uma família branca”, explicou. Porém, os estudantes, em um esquete montado para o festival, criam um momento em que a cozinheira negra conta a própria história para a boneca Emília.
A necessidade de recontar a história das mulheres negras, não só de uma perspectiva social e racial diferente, mas desconstruindo estereótipos de gênero tem fomentado diversos grupos culturais na periferia, segundo Débora Garcia. “O nosso corpo sempre foi colocado à disposição do outro: essa coisa da maternidade, da ama de leite, da mulher hipersexualizada. Então, hoje, nós mulheres negras temos uma demanda muito forte de olharmos para nós mesmas”, ressaltou, em entrevista à Agência Brasil.
“Nós acreditamos que a literatura é um lugar de fala muito importante, porque historicamente nós não tivemos acesso à escrita formal, à nossa história. As nossas questões sempre foram trazidas pela oralidade”, disse, ao lembrar que as mulheres negras sofrem com mais intensidade as consequências da falta de escolaridade. “As mulheres negras ainda estão na base da pirâmide social, são as que têm a menor escolaridade, as que acessam aos piores salários e cargos de emprego”, completa a poetisa.

Programação

Entre as atrações do 8˚ Festival do Livro e da Literatura de São Miguel, estão intervenções artísticas, saraus, peças de teatro, contação de histórias, conversas com autores, cortejos literários, interpretações de programas de TVs na rua, venda e troca de livros, além de oficinas de criação de turbantes e das tradicionais bonecas Abayomi, que serão realizadas nas escolas do bairro. 
Nos destaques da programação estão os debates com autores e especialistas na área, no painel "O corpo - da literatura à psique", que encerrará o primeiro dia de festival, a partir das 20h, no auditório D da Universidade Cruzeiro do Sul, com uma reflexão sobre os impactos do racismo e os caminhos traçados por autores negros na busca de garantir pluralidade e diversidade às narrativas.
Vídeo
A Mova, a Fundação Tide Setubal e o Festival do Livro e da Literatura de São Miguel produziram uma série com quatro vídeos sobre o tema do evento. Confira o primeiro:
Albertino Nobre é oficialmente Cidadão Paulistano

Nascido em Senhor do Bonfim, BA, Albertino Alves Nobre migrou para São Paulo, aos 18 anos. Em 1948 fixou residência em São Miguel, no mesmo ano ingressou na Cia Nitroquímica Brasileira. Em 1954 casou-se com Maria de Lourdes com quem teve quatro filhos: Rosani, Ronaldo, Rosimar e Silvia. Após 34 anos trabalhados na Cia Notroquímica, em 1983, aposentou-se como representante comercial.
No início da noite da última sexta-feira, 24/8, o baiano Albertino Alves Nobre recebeu no Auditório da Universidade Cruzeiro do Sul, em São Miguel Paulista, o Título de Cidadão Paulistano em sessão solene.
Na década de 60 iniciou o Movimento Cultural da região com o programa de Calouros denominado "Alegria no Clube" na sede social do Clube Regatas Nitro Química aos domingos de manhã, onde foram reveladas estrelas para o cenário artístico como: Rubens Garcia, Mário Marcos, Marly Vieira, Carlos Bacellar e Antonio Marcos, que se tornou ídolo Nacional, como cantor e compositor.
Formou-se em Direito pela Faculdade Brás Cubas de São Paulo em 1979. Sempre atuante na comunidade ministrou durante 10 anos o curso "Preparatório para Noivos" na Catedral de São Miguel Arcanjo. Foi eleito vereador da cidade de São Paulo por dois mandatos consecutivos (de 1982 a 1992), sendo indicado como líder do prefeito Jânio Quatros na Câmara Municipal de São Paulo.

Dentre as principais realizações de Albertino Nobre enquanto vereador estão: o Viaduto da China, ligação importante entre São Miguel e Itaim Paulista; Canalização do Córrego Itaquera entre a Av. Dr. José Artur Nova e o rio Tietê, amenizando as enchentes no Jd. São Vicente e Nitro Operária; Padronização dos taxis para cor branca e a exigência de que os veículos possuíssem 4 portas e, por fim, foi o responsável pela implantação do Mercado Municipal de Guaianases.


Da Antiga uma longa e verdadeira história
por Thiago Assunção
    


Não é de hoje que vemos o extremo leste representado por uma imagem formada pela mídia que só mostra a região com a ótica sensacionalista: "chuva coloca Itaim Paulista em estado de alerta", "três pessoas morrem em chacina na capital". Enquanto isso, eventos ou "boas ações" são sempre mostrados pelos veículos por se localizarem em regiões centrais da cidade por causa da centralização da cultura, de forma geral.
Há poucos casos em que são apresentados eventos ou pessoas que organizam algo em benefício da comunidade. Por conta disso, para que uma ação aconteça os responsáveis devem trabalhar em dobro, buscar patrocínios e, uma vez ou outra, conseguir mostrar o trabalho na mídia e provar que não são apenas chacinas e enchentes que acontecem no bairro. O Itaim Paulista é uma região assim como outras, com problemas devido a sua localização e administração, mas com pessoas dispostas a mostrar que é possivel melhorar.
Buzo, Wagnão e Da Antiga viagens acima da nuvens

Da Antiga é uma pessoa que mostra atitude para fazer a mudança, seja através do break, rap ou do uniforme da Função Pobre Loko. E Da Antiga representa bem a sua função. Nascido no dia 26 de setembro de 1969 (hoje com 42 anos), em um hospital da Av. Brigadeiro Luís Antônio, Antônio Monico de Souza (Da Antiga) morou no Jabaquara, zona sul de São Paulo, por 12 anos. Filho de Antonio Monico de Paula e Marilac Barbosa de Souza, e irmão mais velho de José Marcos e Ana Paula, Da Antiga já têm uma relação 'antiga' com a música. "Eu sempre estive ligado à música black, soul music, funk. Cresci ouvindo Toni Tornado, Wilson Simonal e Tim Maia, por exemplo".
  
No comando do palco durante o aniversário do Itaim Paulista em 2010


No Jabaquara se juntou a alguns amigos e formou o Jabaquara Break. O grupo era composto por ele, Moisés, PEX, Tripa, Nico, Baleia e Orelha. Meados da década de 80, ao passear pela rua 24 de Maio ele assistiu a uma apresentação que fez com que visse o cenário do hip hop de outra forma. "Eu estava passando por lá e vi uma apresentação do Nelsão, do Funk Cia. Eles foram os pioneiros do hip hop nacional. A música que estava tocando era Planet Rock, do Africa Bambaattaa, um fundador oficial do hip hop".
A partir daí ele começou a frequentar mais vezes a 24 de Maio e a conhecer mais pessoas. Depois do Jabaquara, Da Antiga veio direto para o Itaim Paulista e, mesmo distante do centro, continuou a frequentar a região devido aos  compromissos com a dança. Aos 14 anos, para ajudar a família, ele começou a trabalhar em uma sucursal do jornal correio brasiliense e atuou como Office-boy. Nesta área ficou por três anos. Por conta do trabalho ele teve que parar de estudar ao concluir o 2º ano do ensino médio. "Não é desculpa, mas a família foi crescendo e cheguei a um ponto em que trabalhava ou estudava. Mas agora estou correndo atrás para terminar o ensino médio, já que pretendo fazer faculdade".
Em 1990, na praça Roosevelt, Da Antiga conheceu o grupo de Rap Face Negra e em 1993, ele se integrou ao grupo para cantar. "Eu conciliava o Jabaquara Break com o Face Negra, mas chegou um momento em que tive que escolher e fiquei só no Face Negra." Além de cantar ele compunha algumas músicas, mas a maioria eram parceria com outros compositores. Paralelo ao hip hop, Da Antiga trabalhou como almoxarife por oito anos e em seguida como auxiliar administrativo por mais oito anos.
Quando saiu do Face Negra, no ano de 1996, Da Antiga pode reavaliar sua trajetória e se dedicar a outras tarefas que o tornariam conhecido na região.  "Tive mais tempo para estudar sobre o hip hop, fazer oficinas e workshops de rap quando era chamado e até mesmo conhecer mais sobre a arte educação, para informar aos jovens sobre a cultura hip hop." Pouco depois ele entrou para o grupo Tribunal MC, mas ficou na produção por 12 anos e depois DJ, por três anos. Em 2000, o grupo foi convidado para se apresentar no Favela Toma Conta, evento organizado pelo Alessandro Buzo, com quem formou parceria que dura até os dias de hoje.
"Já aconteceram até o momento 22 edições do evento, realizados duas ou três vezes por ano, e eu participo de todas. Sempre fico na produção do evento, até porque tem outras pessoas responsáveis por outras áreas, como o Tubarão, Claudião, Marilda (esposa do Buzo), Cacau Ras". O evento procura trazer grupos de rap para se apresentar na periferia que muitas vezes não teria condições de ir assistir a um show do Gog ou Dexter, por exemplo.
   
Reconhecimento vindo de Gramado/RS fortalece o lado ator


Essa parceria rendeu o convite para atuar no filme Profissão MC (2009), dirigido por Alessandro Buzo e Toni Nogueira. Além dele também foram convidados Criolo Doido, Dan Dan, Neto, Juju Denden, entre outros e com participações especiais de Rappin Hood e Beto Guilherme. Os mesmos apelidos dos atores são usados nos personagens. O filme conta a história de Dan Dan, que tem duas opções: entrar para o tráfico de drogas ou virar cantor de Rap. Ele e toda produção do filme foram premiados com a medalha Galgo Alado no festival de Gramado de 2010 e teve circulação em algumas cidades brasileiras e no exterior, como em Portugal e Japão.

O lado social"Nunca precisei catar comida no lixo, mas já passei por algumas necessidades. Tive que ir atrás de papelão, ferro e latinha pra vender e ajudar minha mãe. Eu vou me esconder disso? Não posso! Fortalecendo a minha gente eu estou em fortalecendo. É isso que faço para o pessoal do outro lado ver que a quebrada não está esquecida. Para a mídia pode ser, mas não para os moradores. É isso que me motiva a trabalhar com meu lado social". Hoje em dia, Da Antiga é agente educacional na Escola Soldado Eder e arte educador na Fundação Casa e no Espaço Suburbano Convicto.
"Como agente educacional eu trabalho há nove anos e arte educador há 16". Devido ao contato com alguns pedagogos, em 2005 ele foi convidado, junto com Buzo, para realizar oficinas com os menores na Fundação Casa. Buzo ficaria responsável pela literatura e Da Antiga pelo Rap. "Trabalhei por dois anos na unidade do Itaim e depois fui para outras." No ano de 2009 ele começou a desenvolver um projeto com a Ong Ação Educativa que atua da mesma maneira, através de workshops nas unidades de outras fundações e também escolas. "Independente do que eles tenham cometido, vemos que os jovens têm talento. Alguns para cantar funk, outros rap, mas eles estão lá dentro e não tem como mostrar para ninguém".
Foto: Marilda Borges/Divulgação   
Em Curitiba, Da Antiga fala de sua participação no filme Profissão MC


Inspiração"Fizemos um evento no Vila Mara junto com Dexter e GOG e percebemos que quando ouvimos 'Pânico na Zona Sul', dos Racionais MC, essa música soou como um grito de guerra pra todos. Como se dissessem: 'vamos acordar que o negócio não está muito bom para quem é negro, para quem é da periferia. Foi ai que nós paramos e falamos: vamos nos preocupar com o lado cultural desse povo. Essa música foi uma grande inspiração para todos nós". Além da música, Da Antiga se inspirou em outras personalidades.

Na época em que dançava break, acompanhou Thaíde em muitos shows. "São essas pessoas que fazem eu aderir a essa militancia. Muitos pararam, mas so os verdadeiros continuaram, isso serve como experiencia para mim. Além de outras pessoas que ainda inspiram como Buzo, Ferrez, Sérgio Vaz. São escritores que trabalham a favor da periferia e que não deixam você desistir."
Da Antiga não fez graduação em hip hop, mas esteve sempre ligado as pessoas mais conhecidas do movimento. "Todos começaram na mesma época, então se formaram juntos, mas hoje tem a internet para saber o que esta acontecendo fora daqui. Meu aprendizado e minha formação academica foi ter amigos como Thaide, DJ Hum, Mano Brown, Edi Rock (racionais)".
   
Junto com amigos, formam uma turma de atitude e respeito ao local de onde vieram


Função Pobre LokoFundada em Maio de 2004, Da Antiga é o presidente deste movimento que é uma das suas maiores conquistas atualmente. "Vimos que a área estava meio carente. Existia muitos grupos de RAP, mas de forma individualista. Então  pegamos alguns grupos como o Tribunal MC, Atitude Suspeita (Itaquaquecetuba), DCM, DVC (Ermelino Matarazzo), Mano Rogério(Guaianases) e Familia Tramóia (Pantanal) para se organizar e promover algumas atividades para unificar estes grupos e fortificar o hip hop na região".
A Função Pobre Loko não é apenas a junção de grupos de Rap reunidos pra subir no palco e cantar, mas também promover ações sociais em algumas comunidades. "Recentemente fizemos um evento para arrecadar alimentos para as pessoas do Jd. Pantanal por conta das chuvas. Convidamos algumas empresas para apoiar, mas nenhuma ajudou. Quem ajudou foram os grupos que estavam envolvidos e os moradores que não tiveram suas casas cheias". O movimento está cresce cada vez mais e já possui representantes em outras localidades como Curitiba, onde o grupo Arquivo Negro toma conta.
Além dos grupos de RAP outras pessoas também colaboram. "Temos o Vagnão, Marquinhos e o Senhor Antonio e a Dona Nélia, donos do bar Tribuna. O bar virou uma sede, sempre que fazemos uma reunião é aqui que nos encontramos".
Neste ano a Função Pobre Loko pretende crescer mais e virar marca de patente (roupas e outros adereços) e Da Antiga não nega a possibilidade de futuramente transformar o movimento em uma ONG.
   
Respeito ao passado é uma virtude marcante do "Da Antiga"


Da Antiga"Foi porque eu comecei lá atras, de 87 para 88 e não poderia ter um pseudônimo mais apropriado já que eu sou um cara quem vem lá de trás, 'da antiga'. Quem me deu este apelido foi o Ronaldo, conhecido como Rcranio, do tribunal MC. Estávamos conversando e vimos que os apelidos só ficavam entre gordinho ou era gordão.
Ele me disse: - Essa não é a sua cara, acho que seu pseudônimo tinha que ser de um cara que vem desde lá de trás, não tem outro nome se não for Da Antiga.

Eu me identifiquei com o nome e quando fui ver já tinha virado uma febre. Depois disso todo mundo já sabia quem era eu e conheciam o meu trabalho!"


Este é o Da Antiga, uma pessoa que faz a diferença no Itaim Paulista do seu jeito.



Força e deteminação em cima de duas rodas


Lutar sempre e desistir jamais é uma das frases que podem ser aplicadas a vida de uma pessoa que enfrenta as dificuldades de maneira duplicada. Se para maioria não é fácil ter que lidar com os problemas que aparecem, imagine como é viver sob outra perspectiva onde as dificuldades se tornam ainda maiores pelo simples fato de não poder andar como todos os outros.

Os deficientes físicos buscam a cada dia se adaptar a sociedade que se individualiza e que torna inacessível a locomoção e o acesso a qualquer lugar. E em meio a essas diversidades, é possível encontrar algumas pessoas que se destacam por fazer a diferença e tornar o mundo mais acessível, seja para ele ou para os próximos que ainda estão por vir.
A satisfação em usar a tecnologia de todas as formas

Nascido na Vila Nitro Operária, em São Miguel Paulista, aos 11 dias de dezembro de 1957, e com 53 anos atualmente, Carlos Antonio de Macedo é uma pessoa que aparenta fragilidade ao mesmo tempo em mostra força para lutar contra um batalhão inteiro. Em sua cadeira motorizada e com o logotipo do seu orgulho estampado em seu peito esquerdo, o presidente da Associação para o Desenvolvimento e Programa Digital para Pessoas Especiais e da 3ª Idade (PIDPEI) se  mostra bem humorado, inteligente e muito comunicativo.
Sua mãe (Antônia) fazia sapatos e seu pai (Benedito) foi ascensorista por quase 30 anos. Também trabalhou como faxineiro e como representante comercial. Oficialmente, era o representante da Adega Casteluche. Com apenas cinco meses ele [Carlos] foi diagnosticado com Poliomelite (doença causada por um vírus que causa paralisia e pode chegar a matar). "Os médicos disseram pra minha mãe que se eu sobrevisse, viveria para o resto da minha vida como um vegetal. Ela disse que mesmo assim queria que eu vivesse. Hoje eu não vegeto e não ando, mas faço praticamente tudo o que os outros fazem. E falo bastante!", comenta.
   
 Um Homem à frente do seu tempo cria mural com nomes dos colaboradores


Com nove meses já não precisava mais usar fraldas (obrigatório por causa da paralisia dos membros inferiores), só precisava da cadeira de rodas para se locomover. "Os médicos confirmaram pra minha mãe que o diagnóstico tinha sido errado, já que eu não dependia tanto das pessoas". Aos cinco anos de idade, ele foi recomendado para a Associação de Assistência a Criança com Deficiência (AACD) da Vila Mariana. Mesmo que morasse em São Miguel e levasse muito tempo para chegar ao local, por dois anos sua mãe o levou até a AACD.
Os médicos viram que o esforço era muito devido a localidade e sugeriu que ele ficasse morando naquela unidade. E assim aconteceu. Dos 7 aos 14 anos, Carlos morou na AACD da Vila Mariana e recebia mensalmente a visita dos pais. "No começo foi difícil. Eu tinha apenas 7 anos e já fui morar longe dos pais. Mas hoje eu entendo. Enquanto vivesse perto, eu me tornaria muito dependente deles. Morando longe eu aprendi a lidar com as minhas limitações e a criar independência e me tornei mais apto para viver na sociedade de forma livre".
Na AACD, junto com mais 12 meninos, eles aprontaram muito. "Tinha um garoto com uma paralisia ainda maior que a minha. Ele não gostava disso e também não gostava de se relacionar com ninguém. Mas soubemos que ele teve raiva de um garoto e o colocou de cara no formigueiro. Demos o troco. Fomos até ele, tiramos sua cueca e o colocamos de bunda no formigueiro. Dissemos que se ele contasse, faríamos coisa pior", comenta e começa a rir ao se lembrar desta e de outras travessuras. Quando saiu da AACD por atingir a idade limite, sentiu a diferença de morar em São Miguel em relação a Vila Mariana.
"Aqui as ruas não eram asfaltadas". Mesmo com essa dificuldade de adaptação, ele começou a se relacionar com algumas pessoas e formou grandes amizades. "Tinhamos um grupo de pessoas do bem. Não entrava drogas e nem bebidas. O máximo que acontecia era beber uma com limão para ficar doidão. Mas isso era um lema e nem sempre usávamos. Quem chamava a gente de babaca hoje está embaixo da terra, preso ou perdido na vida", explica.
Quando completou 18 anos decidiu cursar arquitetura por correspondência, através do Instituto Universal Brasileiro. Foi nesse período em que começou a ter contato com política e a se interessar mais pela esquerda e suas idéias socialistas. O pensamento foi se transformando e desistiu de arquitetura para se interessar por teatro. Fez dois anos do curso com o dramaturgo Augusto Boal. Por mais um ano estudou no Clube Escola Curuçá até que assumir o posto de diretor, ficando no cargo por 12 anos.
   
Reconhecimentos de todas as partes fazem parte de seu orgulho


"Sempre fui predestinado a comandar, até mesmo quando não queria a responsabilidade vinha até mim. Eu não me via, e não me vejo, como um deficiente. Acho que a deficiencia está na cabeça das pessoas", diz. Aos 32 anos decidiu sair do teatro, algo que lhe dava prazer, para trabalhar como analista de crédito por ser uma profissão que rendia dinheiro. 
Pouco depois, ele conheceu uma pessoa com quem se casou e viveu por 5 anos. Ela já tinha filhos e, justamente por problemas familiares, decidiu se separar e retomar sua vida em outro lugar. "Minha vida se resumia a uma caixa de fogão: coloquei minhas coisas em uma caixa deste tamanho e fui me encontrar com Dan (apelido dado ao seu amigo Mário) na Sé e contei tudo a ele. Fomos até o terminal rodoviário Tietê e lá comprei uma passagem para Brasília. No caminho ouvi Faroeste Caboclo, do Legião Urbana, e imaginei que minha vida pudesse ser comparada com a de João de Santo Cristo a partir daquele momento". Quando chegou, decidiu visitar o seu tio em Goías. "Ele estava muito contente pois não recebia nenhum parente lá". Carlos decidiu ficar ali por um ano. Deu aulas particulares de inglês, português e outras matérias e vinha sempre a São Paulo a cada 3 meses para visitar os pais e os irmãos.
Em uma dessas voltas, decidiu ficar para cuidar dos pais, já que sua mãe apresentava um quadro de depressão e seu pai estava com câncer. "Eu era um dos filhos mais queridos pela minha mãe, talvez pela deficiência. Meu pai já tinha câncer antes, mas estava se agravando". Pouco depois seu pai faleceu e  após foi sua mãe. Quando voltou a São Paulo, ele começou a trabalhar no projeto Arquimedes da Secretaria de Cultura e foi atuar na escola Madre Paulina e depois na Associação Amigos do Itaim Paulista. Em seguida começou a ser voluntário no telecentro Curuçá. Com o seu trabalho conseguiu transformar a visão que as pessoas tinham por achar que os deficientes não se desenvolviam tão bem. No telecentro ele foi convidado a ser professor de informática no CEU Curuçá (telecentro) e a desenvolver um projeto de inclusão digital para os deficientes e o público da 3ª idade, formando assim o PIDPEI.
Um outro dado importante é que Carlos Macedo foi o primeiro e único deficiente a trabalhar no recreio nas férias na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy. Logo depois, ele se filiou a Fraternidade Cristã de Deficientes (FCD) e em uma festa entre as unidades de Itaquera e de Carrão ele conheceu Sandra Regina de Brito. "Na época eu tinha 42 anos e ela 32. Nem imaginávamos que fossemos casar, mas no final daquela festa já estávamos namorando e seis meses depois tinhamos nos casado". Desse relacionamento nasceu Monique, que hoje está com 10 anos e com muita saúde. "Minha filha sempre traz os amigos para as festas que realizamos na PIDPEI e os seus pais, que já nos conhece, sempre vem junto. É bom para mostrar para as crianças que diferenças existem", explica.
Neste ano ele completa 13 anos de casado, 9 anos de PIDPEI e com muitas realizações pela frente. "Conseguimos o apoio da podóloga Cláudia para a Associação, estamos aguardando mesas para conseguirmos dar aulas de informática aqui também, além de outros projetos que estão caminhando. Neste ano também será a 4ª participação do PIDPEI na Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade (REATECH). Mas ainda não me sinto totalmente realizado. Quero que a PIDPEI caminhe sem precisar da minha ajuda e quero que minha filha consiga o mesmo também, só assim eu poderei falar que sou um homem realizado", finaliza.




O grafiteiro Ignoto é o mais novo artista do Projeto Sampa Graffiti

por Vander Ramos/CLN


Eduardo Xyrox e Cristiano Ignoto( de preto), 
grafiteiros no Itaim Pta

O artista de rua Cristiano Alves de Lima (30), conhecido como Ignoto, é o mais novo grafiteiro retratado pelo projeto Sampa Graffiti idealizado em 2010 pelo documentarista Paulo Taman.

O projeto consiste em criar uma série de documentários sobre os mais famosos grafiteiros de São Paulo. Além de Ignoto outros nomes famosos do graffiti reforçam a coletânea de 18 vídeos. "Não sou grafiteiro, mas sempre gostei de graffiti, por ser uma forma de expressão artística democrática que tem um alto poder de contestação.", diz Taman.



Ignoto é morador do Jardim Romano, zona leste da capital paulista,  e pai do personagem azulão que está estampado em vários muros do Itaim Paulista. Recentemente ganhou destaque no Portal da Folha de São Paulo pela arte que desenvolve nos muros da região onde mora há 30 anos e pela cidade.

Conheça Ignoto clicando aqui.

O documentário foi publicado no canal do YouTube do projeto e já possui mais de três mil visualizações em pouco mais de seis dias.

"O traço do artista é muito importante na escolha, mas, acima de tudo, o que busco são boas reflexões sobre graffiti e arte em geral. E o Ignoto, além de ser um grande talento, expôs ideias muito boas na entrevista", finaliza Taman.


Ignoto desenha o personagem azulão, o mais conhecido na zona leste de SP




Conheça o projeto Sampa Graffiti

SAMPA GRAFFITI é uma série de vídeos que enfoca o trabalho de grafiteiros que atuam na cidade de São Paulo e arredores. Cada episódio é dedicado a um artista que executa uma obra ao longo do vídeo e expõe suas ideias sobre graffiti e arte em geral. São documentários de curta duração que, embora tenham um tema em comum, sempre se renovam ao trazer artistas de diferentes estilos e visões de mundo.


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